O Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), abrigou, na noite desta quinta-feira, 18 de fevereiro, a cerimônia de entrega do título de professor Honoris Causa a Ailton Krenak, uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro. Na oportunidade, estiveram presentes o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e o reitor da UFJF, Prof. Marcos Vinício Chein Feres.

Em sua fala, Krenak comentou que ficou muito feliz e honrado com a homenagem. “Foi uma cerimônia bonita e rica, de muito significado para nossas vidas. Eu só consigo manter alguma serenidade diante desta celebração porque sei que não sou um sujeito singular, sou um sujeito coletivo. Eu vivo para os outros, não vivo só pra mim”.

Para o ministro da Cultura, Juca Ferreira, essa homenagem sinaliza para um Brasil diferente. “Este momento possui muitos significados. Com este ato nossos indígenas ultrapassaram barreiras. Ele irá reverberar muitas influências positivas sobre o nosso país. Esse título é histórico, pioneiro e abre uma nova fase de relação entre a sociedade brasileira e seus povos indígenas”, destaca.

Já para o reitor, Prof. Marcos Vinício Chein Feres, Krenak recebe essa homenagem não só apenas pelo reconhecimento da sua luta, mas também por nos ensinar e compartilhar seus saberes. “Ele obteve esse título por fazer parte da nossa Universidade, por nos lembrar de quem realmente somos e, também, nos recordar a quem pertence à Universidade”.

Segundo o coordenador do curso “Culturas e História dos Povos Indígenas” e das disciplinas do Encontro de Saberes na UFJF, Daniel Pimenta, a entrega deste título foi a formalização, no nosso meio acadêmico, de um reconhecimento dessa sabedoria, que estava esquecida. “Uma iniciativa como esta torna as nossas ações mais efetivas e, cada vez mais, comprometidas”.

Após a solenidade, Ailton Krenak seguiu para o lançamento e noite de autógrafos da sua nova obra literária, o volume 50 da Coleção Encontros (Ed. Azougue). O livro reúne pensamentos do líder indígena sobre as relações entre as culturas ameríndias e a sociedade brasileira, numa coletânea de entrevistas e depoimentos editadas por Sergio Cohn. O lançamento aconteceu na Livraria Liberdade, em Juiz de Fora.

De acordo com Ailton, essa nova publicação reúne uma coletânea de entrevistas que começa no ano de 1984 e vai até 2013. “Ela traz um painel sobre a evolução das relações do Estado brasileiro com as sociedades indígenas. O livro registra os momentos mais críticos, especialmente, a partir da Constituinte de 1988, servindo de uma espécie de observatório dos direitos indígenas nas relações com o Estado”, revela.

Ailton Krenak e a EaD da UFJF

Krenak vem trabalhando desde 2012 junto à UFJF  em diversas atividades, com destaque para o “Seminário Repensar a Universidade”, a disciplina “Artes e ofícios dos saberes tradicionais” e os cursos de Capacitação, Aperfeiçoamento e Especialização em “Culturas e História dos Povos Indígenas”, na modalidade a distância, oferecidos por meio do Centro de Educação a Distância (Cead) da UFJF.

O líder indígena comenta a importância de cursos como a Especialização em “Culturas e História dos Povos Indígenas”: “a existência desses cursos anima muito a nossa crescente mobilização para que todas as Universidades Federais do país avancem no reconhecimento das práticas dos saberes tradicionais de comunidades que historicamente ficaram à margem da nossa sociedade. Se cursos como esses forem estimulados, apoiados e acontecerem com mais frequência por todo país, vamos repetir situações positivas como essa que tivemos na UFJF”, conclui.