Ensino remoto: a oportunidade de se reinventar

20/05/2021

Em tempos difíceis e inesperados, a pandemia nos fez refletir sobre o papel do pedagogo enquanto facilitador e orientador do estudante no processo ensino-aprendizagem. Segundo a coordenadora geral da equipe pedagógica do Centro de Educação a Distância (Cead) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Olga Ennela, o professor também se tornou responsável por buscar e utilizar recursos para continuar garantindo a boa aprendizagem.

Muitas adaptações foram necessárias para esta modalidade emergencial de ensino. “Destaco a importância do uso das tecnologias digitais para professores e alunos. A dificuldade de acesso à tecnologia é ainda um fator limitador para várias famílias, em especial no que tange a rede pública. Quando voltamos nosso olhar para os profissionais da educação, outra grande barreira vem à tona, a falta de formação continuada para o uso de tecnologias, assim como recursos metodológicos, além da falta de experiências e vivências para fazer a transição do presencial para o virtual”, afirma Olga.

Já para Caroline Souza Ferreira, professora e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFJF, primeiramente, teve que existir uma adequação, por parte de alunos e professores, em relação à utilização de dispositivos tecnológicos e ferramentas on-line. “Foi, e ainda está sendo, um grande desafio, especialmente para alguns professores que ainda apresentam uma enorme dificuldade na utilização dessas ferramentas”, relata.

Caroline Ferreira ainda comenta que o envolvimento da família, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, é essencial para o sucesso escolar dos alunos, especialmente nas séries iniciais. A família precisa ter clareza sobre seu papel na aprendizagem dos estudantes. “A escola deve manter um diálogo aberto com a família, mostrando que, nesse momento, ela se torna o elo entre o ensino que o professor ministra e o aprendizado adquirido pelo estudante”.

A coordenadora pedagógica escolar, Maia Aparecida Veiga completa que a relação entre família e escola é fundamental para o desenvolvimento do aluno, independente do formato de ensino e dos recursos utilizados. “Entretanto, temos observado que, nesse período de pandemia e consequente fechamento dos espaços escolares, essa parceria tem se mostrado ainda mais importante, uma vez que muitos estudantes necessitam do apoio e da presença de algum membro da família para realizarem as atividades propostas, principalmente as crianças do fundamental inicial”.

De acordo com Olga Ennela, a experiência pedagógica ao criar um ambiente virtual no Colégio João XXII foi desafiador.  “Foi estimulante pensar em uma plataforma que permitisse ao aluno e ao professor dar continuidade ao processo de aprendizagem. Foi um trabalho inédito no Ensino Fundamental, adaptando a plataforma Moodle para crianças. Iniciamos com a criação de três plataformas para atender aos diferentes segmentos (fundamental, médio e EJA). Foram, então, criados ambientes que atendessem às demandas de cada segmento, juntamente com tutoriais no formato digital e em vídeos para os alunos e professores”, frisa.

“Concomitantemente, o Cead/UFJF ofereceu mais de trinta oficinas para formação continuada dos professores do Colégio e criou ambientes de treinamento para os professores produzirem atividades e praticarem o uso dos recursos. Foram oferecidas oficinas de prática sobre os recursos e atividade possíveis no Moodle, games e instrumentos de avaliação”, expõe.

As graduações da UFJF também enfrentaram o desafio de se reinventar nos novos processos de ensino-aprendizagem. O ensino mediado por tecnologias de informação e comunicação acabou sendo a solução para a continuidade das aulas e tem se aprimorado a cada dia. “Nossa Universidade, por meio do CEAD/UFJF, já trabalhava com ensino a distância há anos; no entanto, a pandemia fez com que acelerássemos o apoio às graduações presenciais e aos cursos da Universidade Aberta do Brasil. O órgão lançou uma série de tutoriais em vídeos e em PDF para auxiliar alunos e professores. Acredito que o trabalho de assessoria pedagógica foi de extrema importância para dar suporte aos professores e alunos no uso de recursos e na criação de atividades”, comenta.

“Certamente, todos estão aprendendo muito. A alfabetização digital foi e está sendo um desafio para os sujeitos desse processo de aprendizagem. Nossas crianças irão ter uma nova formação no uso das tecnologias digitais, a educação não será mais a mesma depois da pandemia e profundas reflexões resultarão das experiências compartilhadas”, conclui Olga Ennela.